RAÇAS

Crioula Lageana

Crioula Lageana Aspada

Muito tempo antes de se ouvir falar da importância da diversidade genética, biotecnologia, conservação de germoplasma ou núcleos de conservação de animais, eram os bovinos locais que compunham o rebanho do Planalto Serrano Catarinense. Rústicos e bem adaptados às condições da região, foram gradativamente substituídos por raças europeias importadas, criteriosamente selecionadas em países desenvolvidos, consideradas mais produtivas do que os bovinos crioulos. Porém aos últimos não lhes foram oferecidas as mesmas condições de criação dos animais introduzidos ou sequer a oportunidade de estudos científicos para emitir pareceres fidedignos sobre os seus atributos. 

 

O esforço de poucos produtores que mantiveram o rebanho de bovinos crioulos, por acreditarem no seu potencial e a parceria com instituições de pesquisa e ensino, estimulou a formação da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Crioula Lageana – ABCCL, no ano de 2003, com sede em Lages – SC, culminando com o reconhecimento da raça pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento e a abertura do Livro de Registro Genealógico no mês de outubro de 2008.

 

Crioula Lageana Mocha

Na Fazenda Bom Jesus do Herval  - BJH Ltda, os animais desde o nascimento são avaliados quanto à rusticidade, desenvolvimento corporal, docilidade e morfologia, com o objetivo de atender à demanda crescente do mercado tanto para a formação de novos plantéis, quanto para os cruzamentos industriais. 

 

Os proprietários da Fazenda BJH fazem parte da quinta geração de criadores da raça Crioula Lageana, produzindo reprodutores e através de seu Centro de Coleta e Processamento de Sêmen e Embriões, a BJH disponibiliza material genético ao mercado.

 

Os bovinos da raça Crioula Lageana têm como ancestrais aqueles de origem ibérica introduzidos pelos colonizadores portugueses e espanhóis no Brasil à época do descobrimento. 

 

As missões jesuíticas colaboraram muito com a manutenção de um grupamento genético remanescente, ao transportarem animais da região das Missões, com o objetivo de evitar o roubo de gado da região missioneira, para os Campos de Cima da Serra, nos dois lados do rio Pelotas ocultando assim, um grande rebanho para futuramente alimentar os povos das Missões. Com a expulsão dos jesuítas, esses animais ficaram isolados sob um processo de seleção natural, onde floresceu um rebanho de gado xucro, resistente e bem adaptado às condições ambientais do Planalto Serrano Catarinense, a região mais fria do Brasil e que serviu de esteio para a economia da região até meados do século XX, quando então se iniciou a exploração extrativista da madeira, preponderantemente da araucária.